Idade, peso e sexo estão relacionados à maior incidência de ronco

Distúrbio piora com o avanço da idade, aumento de peso e é mais comum em homens. O ronco é algo que incomoda muito. Não apenas a pessoa que ronca, mas também, e principalmente, quem está ao lado e não consegue dormir por causa do ruído. O médico neurologista Bráulio Brayner, especialista em distúrbios do sono da Clínica Polisono, explica que o ronco não deve ser negligenciado.

Ao contrário, a pessoa que tem o problema deve procurar um especialista para diagnosticar as causas e fazer o tratamento adequado, que pode ser medidas preventivas, uso de aparelhos ou, em determinados casos, tratamento cirúrgico. Já se sabe, segundo ele, que o ronco piora com o avanço da idade, com o aumento de peso e é mais comum no sexo masculino.

"As pessoas que roncam tem mais chances de sofrer de hipertensão arterial, independentemente de outros fatores de risco, como idade e obesidade. Além disso, o ronco está muito ligado à apnéia do sono. Por este motivo essas pessoas sempre têm que ser investigadas quanto à presença ou não de apnéia do sono", explica. De acordo com o médico, o ronco é provocado pela passagem do ar em uma via aérea estreitada. Nas pessoas que roncam, há um estreitamento das vias respiratórias por diversos motivos durante o sono. Assim, quando o ar passa durante a respiração, ocorre uma vibração das estruturas presentes e esta vibração provoca o ruído que se chama popularmente de ronco.

Além da obstrução parcial das vias aéreas, o ronco pode ser causado também por fatores hormonais e anatômicos, como o prolongamento do palato e as amígdalas aumentadas, além de obesidade e acúmulo de gordura na região cervical. Os estudos mostram que a prevalência do ronco aumenta com o decorrer da idade. Acha-se que contribui para isto a maior flacidez muscular, que ocorre naturalmente com o avançar da idade, a influência de hormônios e o aumento de peso que tende a ocorrer também com o passar dos anos. Dr. Braulio explica que quando o indivíduo dorme, ocorre um maior relaxamento muscular, principalmente em algumas fases do sono, e este relaxamento da musculatura presente nas vias respiratórias, na faringe, faz com que haja menos espaço para a passagem do ar. Durante o sono ocorre também uma queda da língua que pode vir a estreitar mais ainda este espaço.

Em indivíduos obesos o acúmulo de gordura na região cervical pode piorar ainda mais a diminuição do espaço por onde o ar circula. "Se temos todos estes fatores dificultando a livre circulação do ar, teremos também uma maior vibração dos tecidos presentes nas vias aéreas e esta vibração vai gerar o ronco. Se a obstrução da via aérea for total o ar deixa de circular e a pessoa para momentaneamente de respirar, ocasionando a apnéia", acrescenta. Para as pessoas que já roncam é essencial que elas percebam que o ronco não é um fenômeno "normal" e sim um distúrbio que precisa ser tratado, não só pela questão da convivência com outras pessoas que podem vir a se sentir incomodadas com o barulho, mas também para diminuir a chance de vir a ser hipertensa, sofrer um infarto ou um AVC. Para os que não roncam uma das medidas de mais sucesso é o controle do peso. Se o peso se mantiver estável a chance de futuramente ser um "roncador" é menor.

"Para quem ronca a melhor posição para dormir é de lado, pois quando dormimos de barriga para cima há uma piora do ronco e maior chance de ter apnéias", afirma o médico. Ele acrescenta que o ronco tende a piorar no horário da madrugada, pois ocorre um aprofundamento do sono e em determinados estágios profundos do sono há um maior relaxamento muscular e consequentemente mais risco de estreitamento das vias aéreas.

O tratamento, segundo ele, é controlar o peso, dormir em posição lateral, evitar uso de determinados tipos de medicações que podem induzir a um aumento do relaxamento muscular e evitar uso de bebida alcoólica pelo mesmo motivo. Quando há diagnóstico de ronco ou apnéia leve o tratamento pode ser feito com aparelhos intra-orais. Para os casos de apnéia moderada e grave o tratamento é feito com outro tipo de aparelho, denominado CPAP, que possui uma máscara nasal. Existe também a possibilidade de tratamento cirúrgico para ambos os casos.

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